Feijoada: CULTURA AFRODESCENDENTE

segunda-feira, 7 de novembro de 2011





















Por volta do século XI a alimentação cotidiana na África, que foi incorporada à comida brasileira pelos negros, incluía arroz, feijão, sorgo, milho e cuscuz.

Os aminoácidos que o feijão possui, o arroz não tem e vice-versa. Quando consumidos juntos, arroz + feijão se completam harmonicamente e formam um "casal" com ótimo valor proteico. Ambos fornecem os aminoácidos que auxiliam nosso corpo a formar suas próprias proteínas (músculos, pele, cabelos, unhas, ossos, cicatrização). A proporção ideal entre arroz e feijão é de 2 porções de arroz para 1 porção de feijão.

Além dos benefícios do "casal perfeito", o arroz é fonte de vitaminas do complexo B e o feijão é fonte de fibras solúveis que modulam os níveis da glicose sanguínea, regularizam o hábito intestinal e colaboram na eliminação de gorduras pelas fezes. O feijão contém ainda Ferro "não heme", forma encontrada nas fontes vegetais e de menor absorção pelo nosso organismo. Entretanto, quando na mesma refeição são consumidos alimentos fontes de Vitamina C (laranja, kiwi, acerola, tomate, abacaxi, maracujá), o Ferro "não heme" tem sua absorção aumentada.

Dica importante: Para minimizar a formação de gases intestinais (flatulência) provocada pelo feijão, deixe o grão de molho em água, de 6 a 8 horas, antes do cozimento. Outro detalhe, dessalgue bem as carnes que irão para o feijão. Nada de excesso de sal!

A melhor forma para fazer o dessalgue é sob refrigeração, assim as carnes ficam protegidas de possíveis contaminações por bactérias indesejáveis.


COUVE CORTADA FINA

Vegetais ocupam um papel importante na culinária africana, sendo a principal fonte de vitaminas. Esses vegetais também fornecem fonte secundária de proteínas. Em geral, folhas verdes e hastes jovens são coletadas, lavadas, cortadas e preparadas no vapor ou fervidas em combinação com especiarias e outros vegetais como cebola e tomate.

Nada de refogar alho e cebola no óleo até ficarem bem douradinhos! O calor além tornar os óleos saturados (inclusive os saudáveis de canola e azeite), leva embora as propriedades antioxidantes dos "super poderosos" alho e cebola. Deixe para colocar esses temperos, crus com um fio de azeite, no final de qualquer preparação cozida. Dessa forma, você garante pratos muito mais saudáveis e ricos em antioxidantes.


Obs: óleo de soja não é azeite de oliva!


A couve é uma hortaliça muito rica em minerais (cálcio, ferro e fósforo) e vitaminas (A, complexo B e C). Ela é excelente para combater problemas digestivos, enfermidades do fígado, cálculos renais, menstruação dolorosa, artrite, bronquite, além de curar úlceras estomacais. A couve pode ainda ser utilizada para evitar ressacas, aliviar a prisão de ventre (devido ao seu alto teor de fibras), evitar a má disposição e aliviar dores causadas pelas úlceras gástricas.

A couve é depósito formidável de iodo, devendo ser consumida regularmente por portadores de bócio ou papeira — doença originariamente produzida por deficiência na ingestão deste mineral.

O iodo da couve é constituinte essencial da glândula tireóide, participando na produção diária dos hormônios tiroxina (T4) e triodotironina (T3).


FAROFA

As mulheres negras escravizadas eram as que faziam a comida nas residências e atribuiam aos pratos seus costumes e gostos dando-lhes um sabor diferente. A farofa é um prato de origem africana incorporado a mesa brasileira. A presença africana na culinária nacional une o alimento a um forte vínculo religioso, sendo também vista nos terreiros de candomblé.


FARINHA DE MANDIOCA PARA COMPLEMENTAR

Fonte rica em carboidratos e fazendo parte do mesmo Grupo Alimentar do Arroz, a farinha de mandioca (ou macaxeira), usada em doses moderadas, oferece seu toque final e seu charme à deliciosa feijoada.


MOLHO DE PIMENTA PARA ESQUENTAR!

Além do efeito termogênico (transforma parte das calorias dos alimentos em calor) o uso da pimenta vermelha proporciona aumento da liberação de noradrenalina e adrenalina com conseqüente diminuição do apetite e da ingestão de calorias, proteínas e gorduras nas refeições seguintes. Então, pitadas de um molhinho de pimenta vermelha sempre é bem-vindo durante às refeições!


LARANJA CORTADA

Além da famosa vitamina C, a laranja também oferece ácido fólico, cálcio, potássio, magnésio, fósforo e ferro. Contém fibras, pectina e flavonóides, que aumentam seu valor nutritivo. O principal benefício da laranja são suas propriedades antioxidantes. Existem mais de 170 diferentes tipos de fotoquímicos, incluindo mais de 60 flavonóides que apresentam propriedades antiinflamatórias, antitumor e inibem a formação de coágulos no sangue.


SOBREMESA: ANGU DOCE

O nome angu vem da palavra àgun do idioma africano fon da África Ocidental, onde a palavra se referia a uma papa de inhame sem tempero. No entanto, desde 1498 os portugueses começaram a propagar o milho pela costa africana, começando na bacia do Congo. A palavra angu passou a ser usada no Brasil para papas feitas com farinha de mandioca ou de milho, as quais eram acompanhadas por miúdos de carne de vaca ou de porco. Com o tempo, a palavra angu passou a ser usada apenas para as papas feitas com fubá, enquanto as papas feitas de farinha de mandioca passaram a ser chamadas de pirão.

Nas regiões em que houve influência de imigrantes italianos, o angu passou a ser conhecido como polenta.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PHILIPPI, S. T - Nutrição e Técnica Dietética. Ed. Manole, 2003.

MAHAN, K. - Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. Ed. Roca, 1995.

DE ANGELIS, R. C. - Importância de ALIMENTOS VEGETAIS na proteção da Saúde - Fisiologia da Nutrição Protetora e Preventiva de Enfermidades Degenerativas. Ed. Atheneu, 2001.

BAXTER, Y. C. - Fibras alimentares e tolerância digestiva. SBNPE. Boletim Julho/Agosto 2003.

CARPER, J. - Alimentos. O melhor remédio para a Boa Saúde. Ed. Campus. 14ª ed. 1995.

GARCIA, W. D. - Arroz-feijão é preferência nacional In: Boletim de notícias Com ciência. 04/01/02.

YOSHIOKA M, ST PIERRE S, DRAPEAU V, DIONNE I, DOUCET E, SUZUKI M,

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LIM K, YOSHIOKA M, KIKUZATO S, KIYONAGA A, TANAKA H, SHINDO M &

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