O Racismo que o negro sofre, que a Vigilância comete e que a Universidade não reconhece!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011


Texto criado devido a ação racista de vigilante da UFSM e ameaça de agressão física por rapaz desconhecido [com aval da vigilante] sofrida por estudantes negros que estudavam em frente ao Restaurante Universitário:

Assine a Petição Online: Racismo contra grupo de Estudantes Negros da Universidade Federal de Santa Maria por Vigilante

Enquanto uma mulher é racista com um grupo de estudantes negros eu ouço que racismo é subjetivo por parte do policial. E ao chegar na segunda delegacia, sou mais suspeita que a criminosa porque eu sou preta. Lá não pode fazer retrato falado de uma criminosa que não se identifica no uniforme do próprio trabalho, porque ela é branca. Mas eu não posso andar sem a identidade na rua porque sou preta. Eu preciso saber o nome da criminosa porque sou preta e o criminoso não é suspeito porque o suspeito é branco? Ela pode ameaçar a gente, pode abusar da gente, pode abusar da ironia do poder porque o poder é branco. Contudo, nós negros não podemos ter o direito de responder porque somos negros ela pode dizer o que quiser porque ela é branca. E racismo é subjetivo, eu ainda preciso ouvir isso com os meus próprios ouvidos [na delegacia] porque sou preta, de uma boca racista que não se importa porque ela também é branca. A nossa cor nos denuncia. A dela favorece. Eu preciso provar além e ainda sim sou julgada de forma injusta e ela é aceita em todos os lugares porque ela tem a cor das pessoas que podem transitar. Ela pode abusar do poder porque vivemos numa relação de poder e ela é branca, mas nós não podemos abusar do muito que estudamos em argumentos porque somos negros. Ela diz que não deveriamos estar na universidade e que não temos cara de estudantes [porque somos pretos]. Ela tem cara de gente trabalhadora só porque é branca. Nós não podemos estudar pelo campus da universidade nem andar juntos, menos ainda rir juntos porque somos pretos. Ela tem o direito de andar armada dentro da universidade porque é branca. Nossa cor nos denuncia porque somos pretos, contudo nos olhares oblíquos do país racista em que vivemos, da policia racista, universidade racista, onde a cor é um sortilégio para os brancos. Ela pode seguir todo um grupo de estudantes negros porque é branca. Pode mandar a segurança da universidade seguir a gente aos quatro cantos porque somos negros. E eles têm total direito e dever de combater os negros na universidade porque são brancos. Nós deveríamos ficar de cabeça baixa porque somos negros e ela de ordenar, reprimir e humilhar porque é branca. Nós não temos direitos porque somos negros ela tem privilégios e uma cidadania paralela porque é branca. Não, o racismo é subjetivo, onde é que eu ainda não sei. Baseado em que? Nos brancos. Porque nós negros não temos legitimidade para falar de racismo, ele é coisa da nossa cabeça. É uma acusação que aponta para o preto oprimido seja na palavra, na dúvida, na arma mirada por uma mão branca. Não importa se errado, certo ou sem defesa. Se o corpo negro fala e discute ele merece apanhar e óbvio sentir dor. De preferencia que amanheça no chão estirado, quem mandou se defender? É apenas um corpo negro, pesado das marcas e estigmas que carrega. É só mais um. Sempre é. Vítima da violência das piadas, da violência da mídia, da escola, da universidade, dos livros, dos que se dizem educadores, do projeto genocida do Estado Brasileiro... O corpo negro é o único que não pode falar de racismo. Porque racismo é subjetivo pra ele. A mente negra que pensa sobre racismo é preconceituosa, o negro não pode pensar menos ainda sobre o racismo. Não tem legitimidade nem autoridade para falar deste assunto e menos ainda do que sente. Nós sentimos?

Acorda hipocrisia!

Texto escrito por Patrícia Rodrigues, Mestranda em Geografia e membra da Associação de Estudantes Negras e Negros da Univervidade Federal de Santa Maria.


2 comentários:

Unknown disse...

Belo texto. Corrigi lá no meu BLOG. Estou realmente indignado com tudo que aconteceu e com o que anda acontecendo com nossa universidade.. Contem com meu apoio para dar voz e a terminar com estes atos medíocres.

fabricio de oliveira disse...

A relação (quase) que paradoxal da situação que ocorre no campus da UFSM em relação ao descalabro do preconceito racial á que vem sendo submetidos os estudantes negros do já citado campus é a prova material da falhas que hoje se encontram as políticas públicas voltadas a grande maioria, seja ela étnica, religiosa ou de genêro.
O porque paradoxal? o governo propicia o sistema de cotas ao negros de ingresso ao ensino superior público medida mais que justa, mas o espaço universitário trata de apequenar este espaço atraves de repremendas, "vigilâncias" e dificulades, além da forma estupida em que coloca dados estatísticos, como, por exemplo, a realização de médias que "inferorizam" os cotistas em relação aos (pseudo), aqui, no sentido etimológico filosófico da palavra "pseudo" (falso), gênios que passam no sistema dito "normal",isso sem a miníma justificativa que expliquem o porque os cotista têm médias inferiores, deixando assim, a bel-prazer, o pensamento preconceitouso, já enraizado, na sociedade para pensar o que querem, por exemplo, que os cotistas tem menos possibilidade cognitiva que ingresso normal.
Talvez, eles não saibam que pesquisas recentes mostraram que estudantes do século 21 trabalham mais do que trabalhadores ingleses pré revolução industrial.
A associação deve permanecer irredutível nas suas propostas, por mais incrível que isso possa parecer,em pleno século 21, 511 anos depois do nosso descobrimento e 123 anos da lei Áurea que EXTINGUIU não só a escravidão, mas também qualquer tenativa de desrespeito aos negros
os seus devidos diretos como o de qualquer cidadão comum.
O mais estarrecedor é a inercia da administração federal, nesta caso administração do campus, quanto públicas, nesta caso forças policiais.
Desde já apoio ao movimento e como cantou Bob Marley " enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, sempre vai existir guerra". Forte Abraço.

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